Takif’s Blog

Just another WordPress.com weblog

Desvendando os mitos do Egito Antigo

A civilização egípcia sempre exerceu um fascínio muito grande nas pessoas que a conheceram. A maneira como o homem da terra do Nilo levava a sua vida, permeada por várias crenças e mitos, resultou em uma das mais importantes sociedades da antiguidade. Embora os antigos egípcios tivessem elaborado uma infinidade de contos mitológicos para explicar a sua realidade, os mitos que vamos falar aqui são outros. Na verdade, são lendas sem fundamento. Essas, que vamos “desvendar”, estão ligadas ao nosso mundo moderno, criadas por pessoas que, ao estudarem o Egito antigo, formaram uma interpretação errônea, gerando assim pseudoverdades a respeito desta civilização.

A região onde os egípcios viviam não era, antigamente, chamada “Egito”. O nome dado àquela localidade era Kemit, cujo significado era “O Negro”. Esse nome ressaltava a importância que os egípcios davam às margens férteis do Rio Nilo, que ao fertilizar a terra, formava um lodo de cor negra, daí o nome Kemit…

 

01. Foto atual do rio Nilo, mostrando a área fértil que deu nome àquela região

 

Outra pseudoverdade que se criou com o passar dos anos trata da quantidade de ouro encontrada no Egito, pois os antigos egípcios produziram diversos artefatos e adornos com o uso desse metal. Na realidade, no Egito existia pouca quantidade de ouro; a maioria do ouro obtido vinha da Núbia, local que por muito tempo foi dominado política e economicamente pelos faraós. O hieróglifo egípcio que se refere a metal precioso é lido como nub e, a palavra Núbia, portanto, pode ser traduzida como “local de muito ouro”.

02. Estatuetas confeccionadas em ouro, datadas da XXII Dinastia, do reinado do faraó Osorkon, evidenciando o intenso uso deste metal no Egito. Original: Museu do Louvre, Paris – França.

 

Os egípcios da antiguidade tinham um notável conhecimento da região onde viviam, pois foi através desse conhecimento que conseguiram se adaptar às condições geográficas e climáticas do deserto africano. Contudo, na Era Moderna, quando os ingleses viajaram para o país das pirâmides, ocorreu um dos grandes equívocos, que ainda hoje é cometido. Na expedição levaram alguns pesquisadores, e consigo, pessoas para desenhar e transcrever o que viam. Foi em uma dessas descrições do Egito que os ingleses acabaram se equivocando. Quando foram relatar sobre um mar que fazia fronteira com o Egito, descreveram que era o mar dos Juncos, pela quantidade expressiva dessa planta próximo ao mar. Em inglês, mar dos juncos, escreve-se Reed Sea. Por falta de atenção, em uma dessas transcrições, o pesquisador escreveu Red Sea, cujo significado é “Mar Vermelho”. Há muita especulação nos dias atuais sobre o fenômeno que tornaria vermelho este mar, falando inclusive de alguns organismos aquáticos ou algas que deixariam o oceano avermelhado. Especulações à parte, o nome deste mar advém deste erro de transcrição cometido pelos ingleses.

03. Mapa do Egito e na fronteira oeste o Mar Vermelho (RED SEA).

 

Outra característica importante referente ao Egito antigo que acabou por se tornar uma lenda é sobre a crença acerca da vida após a morte. Os antigos habitantes da terra do Nilo acreditavam que para conseguirem a vida no reino da eternidade, após a morte, o corpo físico do falecido deveria ser conservado através da pratica da mumificação. Esta consistia basicamente em um processo de retirar as vísceras e o cérebro do morto, e preservá-lo, desidratando-o através de um sal encontrado na areia do deserto: o natrão. As lendas que se criaram sobre esse processo foram muitas. Uma delas é de que esse processo estaria ligado a uma punição ou castigo, sendo aplicado em pessoas ainda vivas. Essa ideia ligava-se com outro equívoco: de que os escravos no antigo Egito deveriam ser enterrados vivos junto aos seus governantes. A justificativa de enterrar pessoas vivas está ligada à descoberta de algumas tumbas, na qual encontraram pequenas estatuetas que buscavam imitar os trabalhadores, que prestariam serviços para o rei na eternidade. Esses pequenos bonecos esculpidos, conhecidos como shabits, foram interpretados durante o Reino Novo da Civilização Egípcia como “servos ou dependentes”, surgindo a ideia de que pessoas vivas eram enterradas nas necrópoles.

 

04. Estatuetas shabits utilizadas para substituir o morto nos trabalhos do campo na vida além túmulo e que foram alvo de má interpretação.

 

Até mesmo o nome “múmia” sofreu uma interpretação errônea. Quando os árabes visitaram o Egito, em algumas regiões se deparavam com os corpos mumificados. As características e a aparência de uma múmia, com o corpo todo envolvido por uma camada de resina negra elaborada com o mel, fez com que estes árabes acreditassem que o corpos eram cobertos por betume. Presumiram que para mumificar os mortos na Antiguidade, os egípcios mergulhavam-nos nesse derivado do petróleo. Nesse sentido, o mito que se criou foi chamar esses corpos conservados de “múmia”, pois a palavra em árabe “mummiya”, significa betume. Existem atualmente pesquisas sobre fontes de energia utilizadas no antigo Egito, geralmente de origem vegetal, e por vezes mineral. Contudo, não há indícios da exploração e beneficiamento do petróleo no Egito de antes.

Múmia conservada no Museu Britânico com sua coloração escurecida em função da resina de mel utilizada durante o enfaixamento.

 

Uma as lendas mais conhecidas que vamos aqui desvendar é sobre a tão comentada “maldição da múmia”. Na primeira metade do século XX, pesquisadores ingleses investiram na descoberta de uma tumba que guardaria por milênios o corpo do faraó Tutankhamon. Depois de várias investidas e expedições na região do Vale dos Reis, estavam a ponto de desistir, pois a saúde dos pesquisadores estava abalada pelo clima inóspito do deserto africano. Em mais uma tentativa, no ano de 1922, Haward Carter e sua equipe encontraram a tumba deste faraó praticamente intacta. Como esta era uma descoberta inédita de uma expedição inglesa, os egiptólogos autorizaram apenas jornais da Grã-Bretanha para noticiar o ocorrido. Porém, alguns dias depois da descoberta, o patrocinador da expedição, Lord Carnavon, teve complicações de saúde e veio a falecer. Esta foi a brecha que jornais de outros paises acharam para fazer concorrência com a mídia inglesa. Como não puderam veicular as noticias do achado, criaram um boato de que havia uma “maldição da múmia”. Todo aquele que perturbasse o “sono” do faraó sofreria graves consequências. É difícil que um corpo mumificado a cerca de 3 ou 4 mil anos tenha poder para fazer algo maléfico a alguém, mas desde a veiculação desta noticia, muito se tem falado da terrível maldição de Tutankhamon, fato intensificado ao longo do século XX no cinema e na literatura.

05. Haward Carter e o sarcófago do faraó Tutankhamon. A descoberta da tumba deste rei rendeu boatos sobre a existência da Maldição da Múmia, após a morte de Lord Carnavon

Imagens e texto extraídos da web através do site www.amorc.org.br

No comments yet»

Deixe um comentário